domingo, 11 de janeiro de 2009

Eras...

Eras a minha maior esperança. O meu maior desejo. A minha vontade. A minha alma. A minha vida transformada em ti.
Quis-te tudo.
Quis que fosses sempre mais e melhor. Quis para ti a verdade.
Dei-te a minha verdade. O meu lado lunar. Os meus segredos. As minhas mágoas. As minhas raivas e tudo o que me atormentava o coração. Confiei-te tudo o que havia para confiar. Entreguei a minha vida nas tuas mãos. Tomei-te como maior.
Adorei-te com tudo o que era. Amei-te com tudo o que tinha. Venerei-te com todas as minhas forças. Consumias-me cada vez mais ao longo de cada dia que passava contigo.
Eras quem detinha a minha verdade. Eras-me! E eu amava-te como quem ama a vida.

Mas mataste-me.
Traíste-me.
Arrancaste e esquartejaste o meu coração como se de um brinquedo se tratasse. Com violência. Sem dó. Sem qualquer piedade!
Ouviste o grito de dor e sorriste.
Foste o horror e a morte. O desespero, a raiva.
Quis morrer. Quis morrer o mais depressa possível.
Depois quis acordar e acreditando que estava a sonhar.
Com todas as minhas forças quis magoar-te. Magoar-te lá bem no fundo. Como tu merecias. Mostrar-te a mentira que sempre foste e na miserável verdade em que te tornaste.
Mataste-me e nunca te arrependeste. Já não vais a tempo.
Agora és o negro e a sombra. És reflexo de tempos bons e de um corpo. Um morto. Podre. Feio, mas que em tempos foi perfeito. Estendido no chão, que tu, com todo o cuidado, cobriste de dourado e fizeste desaparecer.

Agora és apenas isso.
E nada.
Ninguém.

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Não ao Novo Acordo Ortográfico

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