quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Se tens mesmo de ir...

Eras das minhas pessoas preferidas. Não me interpretes mal! Ainda és! Mas deixaste de ser a mais. A mais preferida, a mais segura, a mais confiante, a que a palavra contava mais. A tua opinião ainda conta, as tuas palavras ainda fazem sentido e não deixas de ser tu que me ajudou a ser melhor. Porque já sou melhor. Já estou melhor. Já me sinto melhor, em paz.
Não aches que deixar-te ir me vai ser fácil, porque não vai. Mesmo que não sejas a mais importante, contínuas a ser importante, contínuas a ser tu, contínuas a ter muito valor. Custa-me esta indecisão enquanto não vais. Não percebo se consigo de facto ser melhor sem ti. Sem ter de esperar por uma aprovação tua, para uma palavra tua. Assusta-me de morte escolher deixar-te ir, ainda que saiba que vais ser mais feliz, mas aterroriza-me ficar sem o teu apoio. Quero quer sejas feliz, mas sou um demónio egoísta que só pensa em mim. Queria que as coisas fossem mais fáceis. Queria poder ver o que vai acontecer de mim sem estar sempre a contar com os teus conselhos. Não consigo decidir-me e não sei quem pode tomar esta decisão por mim. Queria poder confiar esta decisão noutros, mas no final, sei sempre que vai estar em mim. Desculpa-me se escolher mal, mas obrigada por me teres ajudado a ser uma melhor edição de mim!

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Cansei

Cansei-me de indirectas, de bocas. De pessoas más. De pessoas que só querem mimo e atenção. Cansei-me de pessoas de merda que preferem que eu chore pelo menos bom, do que agradeça pelo pouco e tão bom que tenho. De pessoas que adoram arrancar-me a felicidade, seja de que maneira for!
Não era isso que queria para mim...
No meio deste cansaço todo, encontro e reencontro pessoas, todos os dias, que são apenas isso. Meras pessoas que erram, mas que são mais do que toda a sorte do mundo por me deixarem estar na vida delas. E por deixarem que elas sejam parte de mim. Há já tanta gente boa que tenho conhecido nestes últimos meses, tão de qualidade como os que conto pelas mãos. Que seja assim sempre! Obrigada por fazerem da minha pequena felicidade, toda a felicidade do mundo!

Dor

Há coisas difíceis de explicar. Dou por mim a tentar arranjar palavras, para explicar um problema, uma situação, um peso que me é muito familiar. Um buraco enorme de onde só vem dor, de onde vem tristeza. De onde vem rancor e injustiça. Algumas vezes, sem que queira e por minha culpa, sou atirada para dentro dele. Nada faço, não luto para não cair e deixo-me levar. Durante a queda, vejo coisas que preferia não ter vivido. Ouço coisas que não devia ter escutado. E escuto-as da mais improvável das pessoas. Da mais improvável de todas. Escuto vezes sem conta todas as palavras horríveis que me sujeitou a ouvir quando todo o chão debaixo dos meus pés parecia ter desaparecido. Revejo vezes sem conta as palavras de outras alturas. Não bastasse já o ser gorda, o ter uma auto estima num caco, achar que era feia e ter vergonha de vir de onde vinha. Se calhar o problema era mesmo esse, eu saber de onde vinha. Soubesse eu que as pessoas não evoluem, não mudam, não se adaptam. Que preferem ser uns absolutos monos, trogloditas, parados no tempo, sem inteligência emocional. Mas nisto tudo a culpa é minha. Eu conheço a história, conheço todas as vezes que pedi para me ir embora ou que alguém fosse embora, para eu ter um pouco de paz. Não sei se ninguém não me ouviu entre os soluços e as faixas vermelhas nas pernas, que passavam a roxas com rapidez. E neste problema que é meu, só me muni de ferramentas e de uma consciência para o que se passava, depois de anos e anos de repressão, comparação e castração. Este problema cujo padrão de comportamento sei prever, mas cujos instintos mais animais ainda não são completamente do meu controlo. Este problema podia simplesmente ir-se embora, mas isso seria fácil demais. Fácil demais para mim, entenda-se. Depois de todo o bullying, morrer era uma vitória amarga. Não eu. A vitória seria amarga para mim. Se fosse para morrer depois de me destruir toda a minha infância e adolescência, nem este texto tinha piada. Assim tem. Porque nada disso aconteceu. Porque, ao contrário dos monos, eu tenho consciência. Tenho amor. Tenho pessoas boas. E tenho poder suficiente para mudar. Porque o problema não está nos outros. Está em como eu deixo que os outros me afectem. E se a pessoa mais improvável pensa que o pode fazer?! Um dia não vai poder mais.