domingo, 28 de junho de 2020

PA

Somos pessoas normais,
Que vivemos vidas normais.
Que temos momentos de felicidade,
Momentos Banais.
E que somos abalroados e sacudidos brutalmente desta banalidade
Em dias como o que te foste embora.
Decidiste que chegou a hora,
E nem disseste adeus.
Não que as nossas vidas banais,
De comuns mortais
Se tivessem voltado a encontrar.
Mas não é preciso o convivio constante,
O estar presente a cada instante,
Para saber que se gosta.
Não no sentido de amar,
Mas de sentir respeito
De transmitir amor,
De desejar felicidade,
Talvez até partilhar a dor.
Foi isto que fiz,
Ao longo deste anos
Sem nunca mais te falar,
e que agora recolho os danos.

E se dói.
Doi muito.

Dói como se me queimassem os olhos.
Como se me arrancassem a pele aos molhos,
Esta pele que eu nunca quis.
Todos os dias passo lá,
Todos os dias lá passo para ir para o trabalho,
Trabalho esse que ainda mal começou,
E começou contigo a ir embora, c******...
E todos os dias olho o penso,
Todos os dias espero e rezo,
Para que nada disto seja verdade,
Que estejamos os dois a rir no café,
A rir de coisas que temos saudade.
E próximo do dia das bolas
Aperta ainda mais o coração
Desta estúpida e sem noção,
Que não quer acreditar que te foste embora,
Que escolheste a tua hora,
E nos deixaste sem chão.

--
Onde quer que estejas, espero que me perdoes por nunca ter enviado uma mensagem a saber de ti, a marcar o café. De vez em quando lembrava-me de ti e desejava que fosses ainda mais feliz do que eu esperava que fosses.
Não percebi bem quando foste. Não percebi bem porque quando li a mensagem não pensei em ti. Não percebi. Não era isto que eu tinha desejado para ti.
Desculpa não ter ido à tua despedida, mas quero lembrar-te para sempre cum um corta vento azulado, sempre com um sorriso e com o cabelo meio despenteado. Quando me disseste qual o teu dia de aniversário com a comparação mais estapafurdia do mundo. Que nunca mais me ia esquecer. E não esqueci.
Não me consigo perdoar por, já nesta casa, ter pensado em falar contigo e saber como estavas e nunca o fiz. Vou levar isto comigo, até que um dia, daqui a muitos muitos anos te encontre e me possas perdoar.

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